O mais antigo Parque Zoobotânico do Brasil

Fachada do Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna
a ROCINHA
O século XIX foi o auge das expedições naturalistas à Amazônia. Desde os primeiros anos, acorreram à região viajantes ingleses, alemães, franceses, italianos, americanos e russos. A abertura dos portos em 1808, tornou o Brasil mais acessível aos viajantes naturalistas e artistas que vieram com grande entusiasmo para estudar e retratar nossa natureza…
1871 – A segunda metade do século XIX marcou a história da capital do Pará, Belém. No período, a borracha passou a ser o produto mais exportado do Estado, gerando lucros cada vez maiores.
O movimento cultural expandiu-se com o enriquecimento de uma classe ilustrada. A criação de associações culturais, jornais e partidos políticos; a frequente visita de naturalistas, artistas e aventureiros; o embelezamento e urbanização da cidade deram a Belém do Grão-Pará as condições para se tornar a metrópole da Amazônia.
No dia 1º de dezembro de 1900, o Museu Paraense passa a se chamar Museu Goeldi. Em 1930, novamente muda de nome para Museu Paraense Emílio Goeldi.
Em 25/03/1871, o Museu Paraense foi instalado oficialmente pelo Governo do Estado, tendo sido nomeado Domingos Soares Ferreira Penna como seu primeiro diretor.
Quando o 2º Império chega ao fim (1889), a conjuntura política na década de 1880 era bastante complicada… Grupos monarquistas e republicanos brigavam por causas próprias. Domingos Soares Ferreira Penna, republicano, envolveu-se em acirradas disputas políticas, as quais, somadas à sua delicada saúde, não permitiram que o Museu Paraense fosse instalado adequadamente.
Faltava pessoal e apoio para as pesquisas. As coleções acabaram perdendo-se pelas más condições de conservação. A produção científica do nascente museu foi mantida pelos próprios trabalhos de Ferreira Penna, sobre geografia, arqueologia e outros assuntos. A morte do naturalista, nos primeiros dias de 1889, coincide com o fechamento do Museu Paraense.
1891 – Três ilustres republicanos foram responsáveis pela reabertura e reforma do Museu Paraense: Justo Chermont (o primeiro governador republicano), José Veríssimo (diretor da Instrução Pública e mentor da recuperação do museu, iniciada em 1891) e Lauro Sodré (governador a partir de 1893, que prosseguiu na execução do antigo sonho de Ferreira Penna).
Renegando tudo o que pudesse estar vinculado ao Império e influenciados pelo Positivismo, corrente filosófica que valorizava o saber como fato útil, prático e verdadeiro, os homens do início da República perceberam a importância que o Museu Paraense, obra bastarda da Monarquia, deveria ter na nova administração.
O Ciclo da Borracha na Amazônia: De 1890 a 1910, o Pará se tornou o maior exportador de borracha do mundo. Os lucros desse comércio deram a Belém nova fisionomia e novos hábitos.
Apesar do esforço do Governo do Estado em recuperar o Museu Paraense, faltava direção científica e pessoal habilitado. O governador Lauro Sodré manda vir do Rio de Janeiro o naturalista Emílio Goeldi, demitido do Museu Nacional por questões políticas após a Proclamação da República.
O zoólogo suíço assumiu em 09/06/1894 a direção do Museu Paraense. Teria irrestrito apoio do governo para transformá-lo num centro de pesquisa de renome internacional. Com uma nova estrutura, que o enquadraria nas normas tradicionais de museus de história natural, o Museu Paraense ganhou uma produtiva equipe de cientistas e técnicos.
Em 1895, foi criado o Parque Zoobotânico, mostra da fauna e flora regionais para educação e lazer da população. Em 1896, iniciou a publicação do boletim científico, com boa repercussão.
Grande parte da Amazônia foi visitada, onde se fez intensivas coletas para formar as primeiras coleções zoológicas, botânicas, geológicas e etnográficas. Goeldi contratou o excelente pintor e profundo conhecedor do ambiente amazônico, Ernesto Lohse que ilustrou o livro “Álbum de Aves Amazônicas”, com sublimes pranchas. Lohse foi morto em 1930 por revolucionários na porta do museu…
1900 – Na virada do século, o Brasil consolidava suas fronteiras. Nessa ocasião, os limites entre Brasil e França, no norte do Pará, estavam sendo questionados por ambos os países.
As pesquisas que o Museu Paraense iniciava na região, levantando dados sobre a geologia, a geografia, a fauna, a flora, a arqueologia e a população, foram decisivas para municiar a defesa dos interesses brasileiros, representada pelo Barão do Rio Branco.
Em 1º de dezembro, pelo laudo de Berna, na Suíça, sede do julgamento internacional, o Amapá seria definitivamente incorporado ao território do Brasil. Em homenagem a Emílio Goeldi, o governador Paes de Carvalho alterou a denominação do Museu Paraense para Museu Goeldi.

Selo Comemorativo
Centenário do MPEG
Desde 1850, a febre amarela causava muitas mortes em Belém. Dentre as vítimas, dois pesquisadores recém-chegados da Europa para trabalhar na Seção de Geologia do Museu Paraense. Emílio Goeldi decidiu incorporar-se à luta contra a doença. Procurou identificar as principais espécies de mosquitos da Amazônia, o ciclo reprodutivo e biológico desses insetos.
As pesquisas intensificaram-se a partir de 1902, quando Goeldi publicou no Diário Oficial os meios de profilaxia e combate à febre amarela, malária e filariose, antecedendo as recomendações do médico Oswaldo Cruz quando esteve em Belém, em 1910.
1907 – Depois de 13 anos de atividades incessantes em Belém, Emílio Goeldi retirou-se. Doente, retornou à Suíça, onde veio a falecer em 1917, aos 58 anos.

Emílio Goeldi
Nesse período, o Museu foi reestruturado e ganhou o respeito internacional. Foram desenvolvidas pesquisas geográficas, geológicas, climatológicas, agrícolas, faunísticas, florísticas, arqueológicas, etnológicas e museológicas. O papel educacional do Museu foi reforçado com o parque zoobotânico, publicações, conferências e exposições.
A partir de 1931, investimentos regulares na ampliação e equipagem do Parque Zoobotânico o tornaram reconhecido nacionalmente. Chegou a abrigar 2.000 exemplares de animais vertebrados, de centenas de espécies da região, muitas das quais raras ou pouco conhecidas. Esse crescimento foi possível graças à subvenção que o Governo Estadual impôs às prefeituras do interior, obrigando-as a remeter mensalmente animais e parte de sua arrecadação ao Museu Goeldi.
Muitas espécies foram reproduzidas em cativeiro com sucesso, em especial répteis e peixes. Somente nos três primeiros anos de coletas sistemáticas, foram descritas cinco novas espécies de peixes, inclusive um gênero novo.

O MPEG modernizou-se
O Goeldi é guardião de 4,5 milhões de itens tombados distribuídos entre os acervos zoológico, botânico e geológico, onde estão armazenados exemplares de peixes, aves, répteis, anfíbios, mamíferos, insetos, madeiras, tecidos vegetais, pólen, frutos, minerais, rochas e aracnídeos. Seu acervo antropológico possui curadorias voltadas para arqueologia, etnografia e linguística indígena.

ALCINDO, o Jacaré-açú de 500kg, 65 anos de idade, provavelmente o mais velho de sua espécie

Gaviões Reais – Os maiores predadores alados do mundo
Topo da cadeia alimentar
EXTRAS
Fontes:
Texto: http://www.girafamania.com.br/introducao/zoo_goeldi.htm
Fotos: Acervo do Blog Tapirus
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